11.01.21
par de noites
Nuno Casimiro
Resume um par de noites
num desnorte contemplativo
e pouco interessa em desmesura
para que lado fica o encanto.
Assim que o dente treme
a escassez de calor intensifica
a reanimação de uma vida em dissonância
com os movimentos horizontais
de um início de tarde à beira do sol
e entre as páginas de um steinbeck.
Pensa então num abraço interminável
que desrespeita as regras solúveis.
Bebe umas cervejas contra o frio
e conta uns contos que outrora
recordaste de cor
para quem quisesse ouvir
as inconsequências de apenas estar.
Cruza um olhar atento
com a ansiedade de um touro
que emana energia a cada precipitação
e reserva então para ti
as flores que colheste precocemente
apenas para as assegurar
a meio de um capítulo cerrado
mas insistente até ao epíteto.
Como a cama usada para o ensaio
das necessárias cambalhotas.