27.02.21
tom de aviso
Nuno Casimiro
razia depois das duas
enrolo os medos
e expilo o fumo
que chega em tom
de aviso
parece sádico rabiscar planos
ainda medonho rasurá-los
azambumbo-me à luz de vela
mal as sombras se levantam
plenitude além colinas
reflexo da paz
que não traz paz
cuidado não caias
lembro a gravidade
de um sítio novo
ares sufistas
tem feito sol
entre distâncias
cheira a livro velho
cada revirar de dia
ajeito os cabelos
reajusto a vista
levanto as orelhas
finto os átomos do ar
mas não há muito que fazer
aí vem o verão
recordo um mover de mão
depois uma praia qualquer
até um adeus despistado
depois das quatro
encosto a cabeça
o instinto desalinha-se
o sonho reencontra-se
rêverie, bien sûr