13.03.21
pontas dos dedos
Nuno Casimiro
sustenho a respiração
acompanho
o refluxo das
ideias
que se imortalizam
no comprimento
de um braço dormente
denunciado
encerra-se
a noite
o olhar culmina no
desespero
da fantasia vã
embalo numa balada
que não me larga
desde as três da
tarde
treme o dente
a boca
as pontas dos
dedos
e dos teus
cabelos
encerra-se
a palavra
acordo com a promessa de
barriga cheia
vai feder a enchidos
até ao fim de tarde
além fronteiras
além dizeres
pressentidos
enrolo circunstâncias
expilo memórias de
cheiros
coloco o café em lume
alto
e prossigo um pouco de
vida
o assombro
vem encerrar
a língua