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À Beira da Lua

À Beira da Lua

20.08.22

sei dos girassóis


Nuno Casimiro

No desembarque de cada melancolia
sei do abraço que esquenta
o frio que vem de longe

Na dicotomia das noites quentes
sei do cheiro que perfuma
o desembaraço possível

I'll come running to tie your shoe

Espreito que voz me alcança
e decoro o timbre em si imiscuído
que serpenteia os sentidos

Apresso-me até essa aura mística
reaprendendo passos trocados
que só imaginei a certa altura

Nos instantes mais escabrosos
nas especulações mais viscerais
entre os relampejos mais tenebrosos
sei dos girassóis que me dás

I'll come running to tie your shoes

18.08.22

coisas curtas


Nuno Casimiro

Inclinado face ao mar
que enrola
disfarço um mergulho
e fecho os olhos
dou-me conta da forma
como ruopollo usava as metáforas
e como a areia que roubo à praia
começa a fazer sentido
de acordo com a memória
de uma contemplação

                   Roubo flores do chão
      e ofereço-as ao meu amor
a cada lua cheia

Será mesmo assim
sempre que tiver um formigueiro
por trás da garganta que se prende
       eternamente perante um sol de inverno
       proeminente desafogo e coisas curtas

15.08.22

dente a tremer


Nuno Casimiro

Que sórdida esta forma de estar
tão cómoda tão comida
tão desprovida tão tomada do avesso

Por vezes quero rebentar
explodir e levar comigo o mundo
num só grito
num só testemunho

Quero deixar-me enrolar
numa onda selvagem
e sentir na pele o inóspito
e a calamidade

Que a lua encha e a noite resfrie
sob o olhar atento do meu dente a tremer
debaixo do desamparo que me despenteia