11.04.24
vaga de calor
Nuno Casimiro
self-centered forma de estar
não atina com explosão
que vem com o ar.
entre calmarias chega
tempestade sem atraso
tampouco aviso. entre copos
largos acontece voz grave
e como lidar? nem bolso
trouxe que trocos aguente
mas haverá disponibilidade
que trate pulso frágil e
adocique identidade?
não tenho coração que chegue
não sei
habituei-me a dormir
sobre duas almofadas
mas prendo-me na análise
dum cão que rói peúgas
e de cama sem abraço
transpiro futura vaga de calor
avizinha-se bafio de coisas por ver.
eco de synthwave nas 9-6
encerro mais cedo os olhos
pra não acumular bagagem.
entre imitações de outras coisas
sempre apanho folk que resume
viagem e retorno.
não devo mesmo ter
coração que chegue
vou sabendo
lá chega a dita vaga
que vem pressionante
como revolta de preia-mar
em manhã de bandeira amarela
hesitante tesão de mergulhar.
estranho distância
que me separa de horizonte
em sonhos sou sussurro
como mar que te chama
anda anda
e tu
ficas ficas
mas sei bem
como se sofre co'calor