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À Beira da Lua

À Beira da Lua

27.06.24

sol


Nuno Casimiro

há estas alturas pouco
      de
        sen
           ven
       ci
lha
         das

malparece
esperar sol

bate chuva miudinha

na ingénua forma de acordar
esgadanho a cara
que ainda suspeita
das caras que finge

p'ralém disso
invento novas formas de sentar
tal é a paranóia da rotina de estar

p a r a d o

parada é a curiosidade
de pensar poema

estaticidade. dilemas elásticos
de fazer um dia parecer menor.

cruzo novamente a perna direita
sobre a esquerda

nem consulto a app do ipma
apesar de ansiar um mergulho
num pedaço de água qualquer

<<< gaivota em terra
        tempestade no mar >>>

na tradução perde-se
o crocitar

alcance com certeza
concerteza

faço um novo cigarro
sabendo já para que lado
enrolará o dia seguinte

03.06.24

sonos iguais


Nuno Casimiro

recomeço

rebobino palavras
que se adiantaram
perante a velocidade
                com que o calor
                          sempre chega

é hora de absorver coisas novas
por mais que tudo partilhe
o mesmo sabor

falta pisar mais relva mais vezes
sujar o sapato e trazer de volta
a leveza de verão

aguço o gume
duma sensação rasgada
espreito o sol e abro o peito
                      talvez até tenha algo
                                              para dizer

engraxo o espírito e adopto nova cor
pego de estaca quem julgo ser
por mais que me canse
dos sonos iguais