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À Beira da Lua

À Beira da Lua

20.12.24

montanha


Nuno Casimiro

depressa me hesito. O coração encheu de fervor tal é a hora tardia. funcionalmente não creio que exista. A mão já treme fora do bolso. depressa desfaço o enigma do copo meio vazio. Nunca é cedo demais para espalhar candor. vou e volto e sento-me no mesmo lugar. Cansativo é pensar no que raio fazer pro jantar. amanhã terei que lavar roupa. Gosto de planear o meu look e cada vez mais detesto improvisar. faz frio depois das dezassete. Mas fica sempre bem enrolada esta ideia de só estar. Lentamente, não hesito. Sempre chega novo sangue, uma nova lufada de ar - quiçá ideia. Serei eu tio duma perspectiva sobrinha? nunca haverá amor suficiente que entregue uma montanha, mas certamente disfarçar-me-ei como algo semelhante.

20.12.24

velocidade do retorno


Nuno Casimiro

mal me ajusto às flores
que dançam à minha beira,
assim vem a dessincronia correndo
e quedo-me sem justiça assente
nesta voz que lentamente volto a reconhecer.
surge então vontade apressada
de dizer coisas,
apenas coisas,
maldizendo a hora de as regar e cuidar
sempre que rasga o primeiro sol.

Voo bem até lá acima,
superando nuvens e vários tons de azul dos céus,
conjugando todas as hipóteses
em cada campo fértil e visível –
ao baixar, os ouvidos estalam
uma perspectiva mal calculada
tendo em conta a velocidade do retorno.