12.04.24
dorso de vaga
Nuno Casimiro
entrego este anseio que me ata as palavras
ao intrépido levante que se apressa
não apanho todas as conchas
que te prometi num dia desses de verão
nem capturo aquele burburinho
que um búzio-tritão desvenda
soa longe pensar em praia
e nos escaravelhos
que deixei escapar
entre as mãos
((côncavas))
em trinta anos
mergulhei 100 vezes
e fiz 100 pinos dentro d'água
mas nunca consegui abrir os olhos
não conheço muito
para lá da maré baixa
chego num dorso de vaga
como epíteto sobre os dias vazios