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À Beira da Lua

À Beira da Lua

26.08.21

e no entanto move-se


Nuno Casimiro

energia enlaivada
na fugacidade de lampejo

persiste a iminência 
do vazio dos dias comuns

sacodem-se os dizeres 
até não haver mais língua

amarro o desconforto junto ao peito 
e fito um olhar que não me espera

tirocino prosas em barricas de carvalho
prendendo o sol na cave do mal-saber

ziguezagueio entre orquestras sem maestro
esperando ouvir quem te cante

subo ao palco do tempo que se ganhou

olvidando como se declama de peito cheio

energia que se profetiza
no seu jeito etéreo

canoniza-se um mover de mão
sem alguma vez revolver terra

transpiram-se os passos axiomáticos
mesmo sem saber caminhos

mastigo as ondas que fantasio cruzar
sem nunca sulcar os mares

julgo as distâncias e empoleiro as vicissitudes
nas varandas que decoram constelações

transito entre margens estreitas em mariposa
sem afastar os refluxos de andar para trás

vingo o estilo falacioso da fala multissecular
e escrevo poesia canhota perante os silêncios

energia que se apaga

num sopro

e no entanto move-se
        por entre os mundos 
               de um longo suspiro

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