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À Beira da Lua

À Beira da Lua

24.07.20

Entrelinhas


Nuno Casimiro

O silêncio nas entrelinhas

Arrasta-se para lá do instante

Em que o mar, no seu jeito sôfrego,

engole o sol.

Permanece, em jeito de memória,

o reflexo do seu último brilho

Num copo quase meio vazio

Num sítio quase meio estranho.

O que dirão as angústias

Dos que comentam a vida

Em meu redor?

Falarão elas também do sol,

Da lua, das cervejas bebidas

E daquelas ainda por beber?

Estou a ver que não consigo pôr de lado

As falácias das manhãs que nunca chegam a ser.

Apresento-me distante e cansado,

Fustigado pelos destinos utópicos

Duma noite de conversas alheias.

Mas ficarei bem desde que não enlouqueça.

Deixar-me-ias enlouquecer

Se te contasse histórias?

Entra no ritmo que me regenera a cada dia

E eu conto-te os segredos duma vida a pensar em ti.