17.08.21
frágil pulso da identidade
Nuno Casimiro
reentro em cena
agastado e impaciente;
formigueiro desenvolve-se
enquanto julgo-me
onde não estou.
quero parar em esplanadas
desertas de rumores
onde voam breves tons
sobre o mar
que não navego.
reviro papéis soltos
em busca de algo que se disse;
revoltam-se as entranhas
perante os dias quentes
em nuances laranja-grave.
quero parar diante do teu sono
e calcular mundos sem mim;
arregaço as mãos trémulas
e disperso nuvens negras
que assombram as manhãs.
ao ritmo da maré baixa
aventuro-me sem fecundar
ecoando o mesmo zumbido
sobre as coisas que perseguem
o frágil pulso da identidade.
quero ser herberto, sophia,
destemido e de língua rotativa;
mas sou apenas uma
alma penada.