18.08.21
sabor a café
Nuno Casimiro
dou meia volta ao quarteirão
indo atrás de um novo sabor
a café.
faz calor
deslizo sob alcatrão
e varro um dia inteiro
para debaixo do sol alto.
cruzo-me com escaparates
e desvio o olhar do reflexo
que se distrai em plena
estaticidade.
que embaraço
é o movimento incrédulo
sem espinha que se endireite.
pé ante pé
faço vista grossa
e quedo-me afiançado
por boicotes esotéricos.
contravolta ao quarteirão
regresso ao mesmo sabor
a café.
não me sabem o nome,
mas sabem-no curto
sem açúcar
e sem palavras.