01.08.25
silêncio duma coisa esquecida
Nuno Casimiro
desço com a corrente
emaranhado em braçadas curtas
e goladas estreitas;
entre memórias de pé solto na areia
estanco a maresia
que me sobe ao nariz
desejo búzios e o seu sabor a mar
olho maré vazia e o reflexo dissolvido
num horizonte vertical
liberto melodia
no silêncio duma coisa esquecida
lentamente reconheço a minha voz
outrora embrulhada e remexida
remetida à desatenção
desenho coisas para te dizer
de pulmões abertos e coração na mão
envolto na fragilidade desse movimento
engulo a seco a impermeabilidade
dum dia igual a qualquer outro