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À Beira da Lua

À Beira da Lua

10.03.22

a noite num ímpeto


Nuno Casimiro

Persigo o olhar sem fundo
entrelaçado nos ritmos do terror
de não saber para que se vive.
Calcorreio mnemonicamente
cada segundo
agachado perante a consequência
do fervor
sem saber por quem tudo se decide.

O chão treme com a chegada de
um novo dia.
Batem as doze – a panela acusa a pressão
e o comboio ultrapassa
os tormentos.

Tapo os sentidos e
escondo as mãos
enquanto respingo
um universo estilhaçado
por não entender a noite
num ímpeto.

10.12.20

agitação mundana


Nuno Casimiro

admirar o que outrora só se revelara paisagem;
o contágio da beleza transeunte capaz de contrariar toda a razão;
caminhar à chuva inoportuna
sem capacidade para demover o ímpeto;
comer um pastel de nata remoto e encontrar aí uma ruela que
promete palavras novas;
escorregar na calçada patriota
e sentir a instabilidade que existe num copo meio vazio;
ver nascer um desejo por si só contrariado ao beber uma ginjinha no rossio;
pertencer ao abstrato fluorescente
da agitação mundana e aí encontrar livros a um euro;
fumar cigarros compulsivos para equilibrar a sensação frenética que se apodera do olhar;
comer uma bifana cosmopolita e achar que se está a controlar o tempo.

não existe qualquer âmago – só alento.