18.03.21
contravolta
Nuno Casimiro
Transita o espírito entre margens
incólume como a pátria
de um peito
cheio
já sondam as melgas
sobre o que virá a seguir
ao desamparo
sem brio
Tatuo os maneirismos
sem perguntar
ao que venho
precipito vicissitudes
à boleia de um dia
de sol
Esperam-me sobranceiramente
as bicas até cima
sorvo as águas paradas
até só restar choro
no fundo do
gilão
Decresce a hora que se apressa
ao ritmo de batimentos
assíncronos
desvirtua-se um passo
e a língua articula
arrepsia
Pesa o corpo de coisa despropositada
que não deve ser ouvida
no câmbio das noites
com estrela
dou volta e meia: sinto tudo remoto
imiscuído na meia-sombra
junto às damas-
da-noite