09.07.21
despedida mal pensada
Nuno Casimiro
respingam as antíteses
à volta da mesma mesa.
sai incólume a brutalidade
de quem insiste em voltar
ao epicentro do desmame holístico.
passeia sobre calçada antiga
o desnorte da maresia ambiente,
quiçá analiticamente enfadada
das dessintonias que esvaziam estéticas.
mãos nos bolsos
vento na cara
assobia-se uma memória.
pés trocados
coordenação aparente
esplanada cheia de vozes.
o passo dado habitua-se ao piso
apesar de esperar ver mais pastilha no chão.
cresce em oposição o conforto de querer sair
rumo à periferia do desatino mundano,
sem qualquer hesitação que amoleça o corpo teso.
paira sob a noite que principia
a sensação das ruas de que ninguém fala,
em jeito de frieza que arreganha a voz
no momento da despedida mal pensada.
passa o último comboio
reflexo no rio
já se fez tudo.
cala-se o barulho
a lua vai subindo
é a noite que finda.