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À Beira da Lua

À Beira da Lua

21.03.21

primavera


Nuno Casimiro

A primavera cedeu
                   
           ainda soa a dois
anos atrás. Mudei de café
é horrível
mas sinto-me acordado
apesar de
só desejar dormir
por entre os barulhos
e os cheiros. Pássaros cantam
no quintal atrás das vistas
sujam tudo
parece que fazem lixo
de propósito
estão chateados. Cheios de
sobranceria. Cheios de
música.

Felizmente comprei
umas garrafas na loja
que faz canto com os
aporismos. A estreiteza ajovia
cada passo e insectos caem
mortos quando fito
o chão que já ferve.

A primavera cedeu
        
           ainda soa mal
projectar sombras
sobre passados. Dobro
as mangas da camisa
amarroto um dia ao sol
desmancho uma flor.
De esguelha vejo o tempo
esgueirar-se. Fico no
espaço entre as palavras
a pensar nas tuas mãos
de lavanda.