08.04.24
abraço adiado
Nuno Casimiro
enfim calor disfarçado
passeios e maré viva
pensar alto em peixe assado
defronte para o mar que se esquiva
há sempre este vento que empurra
não raras vezes sopra desvio
desabotoada sensação de chuva
que impregna os dias sem pavio
trespasso loucura alheia
desfiando a simplicidade que habito
investigo rima de boca cheia
desatinado pela noite que transpiro
passam as semanas sem mana
entre dedilhar de pele que envelhece
já arfa o cão sem passo nem chama
sem a faísca que tudo aquece
sinto que sou abraço adiado
confirmação terna de furtividade
repito o dia e finto o embaraço
conclusão amorfa de necessidade
mais dias virão
mais um dia que se fez
penso viagem e transição
concluo avô e sensatez