Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

À Beira da Lua

À Beira da Lua

05.07.25

triplo salto para o vazio


Nuno Casimiro

paralelamente àquilo que possa sentir, sempre
brota além-mim discordância. é com parca
legitimidade que me amparo e sereno os ânimos
dum coração aos pulos qual campeão olímpico
de triplo salto para o vazio.

persigo um tempo mais puro, nem que seja entre
manhãs enroladas em incertezas sobre o que
fazer de almoço. faz tanto calor que as ideias
derretem-se ainda antes de serem pensadas. só
queria ser uma breve brisa mas já me cansei de
desejar tal coisa. a conclusão é que jamais serei
um momento leve.

sigo enleado. persisto assimétrico e sem mortalha
que me enrole para o lado certo dos sabores. o
que me custa mais é encontrar a primeira palavra e
dissipar a incerteza tingida em gaguez embaraçosa.
após sentir-me certo, nasce raciocínio. recapitulo-me
sempre mais orgânico nos momentos que seguem
um poema que não disperse, mesmo que manco
e sem cor.

tenho quem me espere mas já vou lá ter. só
precisava de me reencontrar.

24.03.23

poema manco


Nuno Casimiro

eis que toco o chão à margem de uma palavra pesada
sobressaltando a ligeireza de um contratempo inventado
no soluço de uma contemplação sobre os céus.

estendo as minhas mãos no movimento remoto dos barulhos
sincronizado com um café adiado num cruzamento esquecivel
e esgatanho a disforia enrolada no vento que me sarabandeia.

perscruto uma onda sem areia onde construir castelos
que meçam a força de um ímpeto assimétrico sobre um sonho
na retrospectiva de um mar que as minhas mãos não embrulham.