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À Beira da Lua

À Beira da Lua

24.04.24

recapitulação duma lua cheia


Nuno Casimiro

ao teu lado faz-se jornada
corrida em jeito cíclico
partilho tudo o que sou
ou consigo ser
banho-me em tudo o que tu és
e brilho com o que te permites ser.

cheira a manhãs de leve acordar
este privilégio de ter-te tão perto.
as estações alteram-se
sem dar conta da pressa
com que o tempo corre.
na companhia das flores
que se erguem,
e das árvores que
ora se despem
ora se enchem de folhas
mal as chuvas
nos dão tréguas,
anoitece sob a batuta
deste amor embevecido e
amanhece na constante
recapitulação duma lua cheia.

quero passear contigo
entre montanhas
e florestas,
desmistificar praias
e amarrar amor
num mergulho impetuoso.
quero agarrar num beijo
que ficou por dar
e multiplicá-lo em
outros milhões deles
que dar-te-ei ao longo
das primaveras que nos restarem.
quero ficar naquele instante
precisamente antes
de nos encontrarmos
e alimentar-me do êxtase
que é esperar-te, olhar-te
e entender mais uma vez
o quão vaidoso
pode ser um sentimento.
quero ser abrigo que procuras
e ouvido que escuta,
uma mão entre os teus
caracóis doces e
beijo suave na tua face.

porque
és sol que aquece e ilumina
lua que enche e guia entre brumas
vento que empurra e estimula
caudal de rio que refresca e purifica
poema vivo e respiração.

o meu amor é teu
e tu és o calor
na vida.

18.08.22

coisas curtas


Nuno Casimiro

Inclinado face ao mar
que enrola
disfarço um mergulho
e fecho os olhos
dou-me conta da forma
como ruopollo usava as metáforas
e como a areia que roubo à praia
começa a fazer sentido
de acordo com a memória
de uma contemplação

                   Roubo flores do chão
      e ofereço-as ao meu amor
a cada lua cheia

Será mesmo assim
sempre que tiver um formigueiro
por trás da garganta que se prende
       eternamente perante um sol de inverno
       proeminente desafogo e coisas curtas