15.07.24
insensatez de ter onde ir
Nuno Casimiro
Há sempre este chamamento
algures preso entre a intenção
e o enjoo de voz arrastada.
Por que não procurar sol
calmaria e peixe fresco?
Não há nada de errado em
ver o tempo passar
sem fazer grande coisa.
Faz-se tão pouco mesmo tendo chance.
Mas o que fazer nas entrelinhas?
Quedo-me alumiado
por um breve regresso
a uma memória feliz.
Não lhe toco há meses.
Por vezes nem me atrevo
tal é a insensatez de ter onde ir.
A novidade vira padrão
e após a fartura vem preguiça
como qualquer dia mais cheio.
Já nem penso nisso com pujança.
Tocou-me novamente este vazio
sem palavra nem jeito
só frio.
'Tá tempo desconfiado outra vez.
Julgo ver pingar memórias de assobios
entre fugazes raios de sol
que intermedeiam
as pausas
entre quarteirões.