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À Beira da Lua

À Beira da Lua

26.04.21

acrobata de estendais


Nuno Casimiro

imagino um muro como
um assobio longitudinal
um grito que nunca chega a ser
pleno de sussurro e calafrio.
acrobata de estendais
ziguezagueio a chuva tenra
sem pressa de confundir o chão
que se move para lá do regabofe
em profundidade com as ruas.

falta largura ao choro
que não corre pela face estranha.
suspiro um desatino sem brilho e
remexo palavras sem acentuação
enquanto os rios se enchem
de certezas sobre o alvoro.

aperto um peito estreito
até jorrar sílabas distópicas
pelos olhos que mal se julgam.
desconfio da voz que remato
contra as paredes e o reflexo
pautado pelas arrepsias
transborda um copo meio vazio
na direcção dos sentidos
que se perdem a cada luz indecisa
de um entropeço ramerranesco.

 

vagueio pelas sombras
que carrego
          nas vésperas de
          lua cheia.

que desafogo seria
distanciar-me
de ser
          pelos mil anos
          que hão-de vir.