27.01.21
tosse que corta
Nuno Casimiro
Tão intermitentes os movimentos
Tão contemplativos os instantes
E quanto à hora seguinte?
Previsão de marmota
nada tem corrido mal
que regozijo banal
fatal quanto a tosse que corta.
E após a hora seguinte?
E após a tempestade?
E após os vintes?
Quem segura a perpetuidade?
Às vezes
existir assimetricamente
é a única variável que faz sentido.
Raras vezes
persistir assisadamente
é o único jeito de sentir o assumido.
E antes do peito inchar?
E antes das convicções?
E antes do rio desaguar?
Quem desaconselha as devoções?
Vai-se indo
quase à
pressa.
Faz-se dia
sem qualquer
revessa.
Ajeita-se a cama
e recebe-se a
ansiedade.
Desenha-se um sonho
para meio dia sem
idade.
Vai-se para longe
só para não mais
voltar.
Enxagua-se a cara
para não mais
pensar.