10.02.24
morbidez de pensar breve
Nuno Casimiro
Entre despiques assimétricos
lanço umas bafuradas díspares
bafejadas pela lógica do paleio
que se encolhe mal se encara.
Tapo os ouvidos e
restabeleço um sossego
penso para dentro que devia
saber melhor. Salto da cama com
o passo desregulado, julgo o peito
escancarado desprovido de choro.
Tenho um cheiro estancado no nariz
que me lembra insistentemente
um poema corriqueiro
sobre amor longínquo.
Tento pensar numa presença lenta
que deu o seu lugar a um silêncio
esporadicamente metafísico
inolvidavelmente palpável.
Na morbidez de pensar breve
aprisiono uma intenção alongada
e permaneço longe de um interlúdio
entre palmeiras, sopas e sizígias.
Laconicamente,
já ninguém escreve simplicidades
a três quarteirões da baixamar.