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À Beira da Lua

À Beira da Lua

12.04.24

dorso de vaga


Nuno Casimiro

entrego este anseio que me ata as palavras
ao intrépido levante que se apressa

não apanho todas as conchas
que te prometi num dia desses de verão
nem capturo aquele burburinho
que um búzio-tritão desvenda

soa longe pensar em praia
e nos escaravelhos
que deixei escapar
entre as mãos
((côncavas))

em trinta anos
mergulhei 100 vezes
e fiz 100 pinos dentro d'água
mas nunca consegui abrir os olhos

não conheço muito
para lá da maré baixa

chego num dorso de vaga
como epíteto sobre os dias vazios

24.11.20

hora vaga


Nuno Casimiro

Na indiferença
Constante do apelo,
Levo esta leve brisa
Que me enche o peito
Até que o sol se põe
Sob a desatenção
Do meu olhar.
Não penso em coisa alguma –
Sou o vazio de uma alma
Quebrada.

Na hora vaga
Um compromisso remoto –
Casualidade de uma cerveja
Quente.
Abre-se o mundo que se conhece
Quase de
Cor.
Sinto a humidade de promessas
Que se pensaram
Na ponta do nariz.
Uma árvore dispersa-se,
Dividida em mil bocados
(em mil fragmentos mortos).

Nessa hora vaga
De sensações quebradas
Enfio as mãos nos bolsos
E estão rasgados.
Os mil bocados de mim
Foram esquecidos.